A casa é grande e nova, e essas paredes amarelas…A cozinha está coberta de liquidificadores e os armários de cristais, e essas paredes amarelas. Tudo é novo, novíssimo, tudo é impecavelmente novo e limpo, meu Deus, como eu tenho saudade da minha casa! Com coisas e barulhos de casa. Como eu tenho saudade da minha casa de paredes branquinhas e barulho de irmãos.

Mas eu quero a casa em que eu não era visita. Que a chegada sem solenidade valia somente um olá cotidiano. Eu quero a casa da minha coberta e da minha varanda, mas aonde quer que eu vá sou visita: na minha casa ou nessa, das paredes amarelas.

Eu fui expulsa ou fugitiva? Eu não tenho medo de querer voltar, mas eu quero, profundamente quero ter um canto só meu (dentro dessa casa vazia nada é meu). Dizia que quero profundamente ouvir os barulhos de casa, sentir o cheiro de casa e com a naturalidade que é chegar a um lugar a que se pertence. Mas nada do que eu faça faz que volte.

Casar é sonho e uma tristeza profunda. A culpa de quem abandonou e dor de quem foi abandonado. Não há nada nessa casa que eu conheça, nem eu. Uma mulher casada que é desesperadamente filha e irmã e está profundamente sozinha.